Entrevista: Fernanda Gurgel, uma das tradutoras do programa David Letterman

O legendar.com.br entrevistou Fernanda Gurgel.

jmbrasil: Como você começou na legendagem?
Fernanda Gurgel: Eu trabalhava como repórter e editora do Telecine, e uma mudança interna me deu a chance de explorar novas oportunidades. Trabalhei com programação no próprio Telecine, fui chamada para desenvolver a divisão internacional de uma empresa de consultoria em vídeo, mas vi que não era compatível com minhas opções. Eu queria escrever e ter mais tempo para os meus filhos. Eis que a chance de traduzir se apresentou, e se encaixou perfeitamente com o estilo de vida que eu desejava.

jmbrasil: Quais programas, filmes ou documentários você mais gostou de traduzir?
Fernanda Gurgel: É uma longa lista. Prefiro programas que levam a novos conhecimentos, como documentários e programas de entrevista, mas amo traduzir filmes também. Acho que depende principalmente da qualidade do produto traduzido mais do que do formato.

jmbrasil: Você poderia dizer de qual gostou menos?
Fernanda Gurgel: Novamente, é uma questão de qualidade. Há filmes, séries e programas esportivos de que prefiro não me lembrar.

jmbrasil: Você apontaria algum outro tradutor como referência?
Fernanda Gurgel: Vários, mas não seria justo com os outros.

jmbrasil: De que dicionários você gosta mais?
Fernanda Gurgel: Os básicos são: Aurélio, o tira-teima; Webster, para a hora que a gente está exausta e pensa “como é mesmo que se diz…”; Random House, para palavras difíceis; e o médico Stedman, que quebra um “galhão” porque os sites médicos na Internet são, em geral, protegidos. O que sobra de dúvida, a gente tira da Internet – cruzando muita referência, moçada!. Nada de escrever o que achou no primeiro site.

jmbrasil: Qual software você usa para legendar?
Fernanda Gurgel: Horse.

jmbrasil: Já viu alguma tradução errada engraçada?
Fernanda Gurgel: Centenas. Quem não viu? Minhas favoritas são fonéticas, tipo “deixe as begônias serem begônias” (let bygones be bygones). Há um clássico do erro – que felizmente não sei quem cometeu – em um programinha de cinema que revisei. A cena era de “Faça a Coisa Certa”, de Spike Lee. John Turturro e Lee conversavam sobre italianos e negros. Lee pergunta, “what about the dark Italians?”, e a legenda manda, “e os cães italianos?”. Ao que Turturro responde, “they’re not niggers!”, e a legenda completa, “Ananias!” rsrsrs…

jmbrasil: Do que você gosta e do que não gosta no mercado de legendagem?
Fernanda Gurgel: Gosto das pessoas, de escrever e de pesquisar. Não gosto de prazos apertados e de ganhar pouco. Por sorte, tenho encontrado clientes fantásticos que pagam direitinho.

Written by legendar on December 2nd, 2005 with no comments.
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